Kaaysá é uma residência artística para artistas visuais, escritores e outros criadores que desejam desenvolver suas poéticas a partir do contato íntimo com a Mata Atlântica brasileira, o mar e comunidade de pescadores, caiçaras e indígenas que habitam seu entorno.
Somos uma organização autônoma, que contribui para o desenvolvimento artístico através da construção de rede criativa e colaborativa.
Os programas incluem vivências, expedições, trocas interdisciplinares, rituais, práticas integrativas, aproximações com comunidade local e acompanhamento de projetos por curadores. Os residentes são convidados a deixarem seus rastros, provocando reflexões, mudanças na paisagem e outras contrapartida sociais.
“Um espaço a um só tempo inspirador e agradabilíssimo. Foi muito produtivo acompanhar a ação e as ideias de bons artistas, para me sentir movido a escrever. Descobrir outros horizontes — me lançando ao mar com os pescadores e buscando aprender algo de sua paciente insistência."
- JULIAN FUKS, escritor | São Paulo, Brasil
ARTE | NATUREZA | COMUNIDADE
A imersão na natureza e o deslocamento impõem desafios que possibilitam novas posturas do corpo e rearranjos da memória, estimulando resoluções e experimentações que não seriam possíveis no cotidiano da cidade. Fundada e gerida por Lourdina Jean Rabieh — a residência artística Kaaysá aposta no hibridismo de linguagens e na interdisciplinaridade. Os programas buscam a descolonização do olhar, o resgate do corpo selvagem, o encantamento enquanto linguagem e a coexistência, como principio fundador de relações não hierárquicas. São bem vindos profissionais criativos de diversas linguagens, assim como agentes e outros profissionais que acreditam no potencial da cultura e da natureza.
"Encontrei um ambiente muito especial e feminino. Um nível de artistas bastante elevado. A natureza da Mata Atlântica e alguns conceitos do candomblé acabaram influenciando e adicionando novas camadas ao meu trabalho."
- SHERRY WIGGINS, artista visual | Colorado, USA
Integração
A proposta é entrelaçar processos de diferentes naturezas que entre si tenham sinergias dialógicas, temáticas, biográficas ou gestuais. Conceitos como participação, troca e vida coletiva são peças chave da experiência que sugere uma colaboração com a cena artística local e a formação do público, pensando a arte também como meio de circulação de informação, reflexão crítica e instrumento de transformação.
A residência também se destina a inserir o litoral Norte de São Paulo no circuito cultural e transformar a cidade de Boiçucanga num polo de criação e encontro entre criadores de diversas nacionalidades, usando sua proximidade da cidade de São Paulo como apoio, mas buscando frescor criativo, novas formas de produção e circulação da arte/literatura contemporânea.
Natureza ao redor
A Mata Atlântica é a floresta mais biodiversa do Brasil, mas também um dos biomas mais ameaçados do planeta, contando com apenas 8,5% de suas florestas originais, 7% na Serra do Mar, onde a residência está instalada. Sua proteção é a única garantia para a estabilidade geológica dessas áreas, evitando catástrofes que já ocorreram onde a floresta foi suprimida.
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Boiçucanga é o centro comercial das praias do litoral norte, única que conta com uma comunidade de pescadores ativos que constroem seus próprios barcos e trabalham diariamente com turismo e pesca sustentável.
A maior parte dos grupos indígenas que habitava a região por ocasião da colonização já foi dizimada, sendo que as remanescentes subsistem em situação precária, em terras ameaçadas por interesses diversos. A Aldeia do Rio Silveira fica na praia de Boraceia e abriga 60 famílias de índios da etnia tupi-guarani que participam do Programa Kaaysá através de debates, rituais e vivências na aldeia.A trilha do Ribeirão do Itú, parte do Parque Estadual da Serra do Mar fica a 10 minutos a pé de onde a residência está situada. É possível acessar 5 cachoeiras diferentes e conhecer algumas espécies de animais, árvores, borboletas e plantas nativas. Ao fazer este percurso com o acompanhamento de um ecólogo/biólogo, o artista amplia sua visão acerca do bioma.
A Praia Brava é outro paraíso ecológico, localizado a uma hora e meia a pé da residência. Durante a caminhada é possível encontrar uma grande variedade de espécies de fauna e flora, passando por dois mirantes . A trilha é íngreme, exigindo dos residentes atenção e disciplina. Ao chegar ao destino, a recompensa é uma praia de beleza selvagem.
As ilhas ficam a 20 minutos de barco da praia de Boicucanga. Após bate-papo com os pescadores locais na Praça da Mentira, a caminho para as Ilhas, podemos assistir em silêncio, o momento em que as redes de pesca, deixadas no dia anterior, são puxadas em alto mar.